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5 aprendizados das enchentes de 2024 no RS: reflexões sobre sustentabilidade e bem-estar

Há 1 ano o RS desabou.


barco navegando no centro alagado de POA
Foto: Rafa Neddermeyer - Agência Brasil

As enchentes de 2024 deixaram marcas profundas no estado, não apenas nas ruas, casas e infraestrutura, mas também nas consciências de quem viveu, viu e sentiu a dimensão da tragédia.


Indo além da dor e das perdas, há um convite coletivo à reflexão: o que esse desastre ambiental nos ensina sobre o modo como estamos vivendo, gerindo nossos territórios e nos relacionando com o planeta e entre nós?


1. A ilusão do controle e a urgência de respeitar os limites ecológicos


A força da água mostrou como nossas cidades foram construídas muitas vezes ignorando a lógica da natureza. Áreas de várzea, margens de rios e zonas alagadiças foram ocupadas com a ideia de que a engenharia resolveria tudo. Mas a natureza não negocia. Um aprendizado importante é o reconhecimento de que não somos separados do ambiente: somos parte dele. Sustentabilidade, nesse sentido, não é apenas um conceito técnico: é uma ética de convivência.


2. Bem-estar coletivo depende de estruturas resilientes, não só individuais


Ouvimos muito a palavra resiliência por aí. Em momentos de crise, a saúde mental e o bem-estar são postos à prova. Muitas pessoas perceberam que autocuidado não é suficiente quando o entorno desaba. Precisamos de comunidades mais fortes, redes de apoio reais e políticas públicas que promovam o bem viver. E não apenas o sobreviver. O desastre deixou claro a fragilidade de nossas estruturas sociais, mas também evidenciou o poder da solidariedade.


3. Sustentabilidade não é luxo, é questão de segurança


Ainda é comum ouvir que ações sustentáveis são caras ou opcionais. As enchentes desmontaram esse argumento. Investir em prevenção, saneamento, planejamento urbano e restauração ambiental teria sido infinitamente mais barato - e menos traumático - do que lidar com as consequências. O que parece ser um custo virou prova de que sustentabilidade é, na verdade, uma forma de proteger vidas.



4. As decisões de hoje constroem (ou comprometem) o amanhã


O modelo de desenvolvimento adotado por décadas priorizou o crescimento a qualquer custo. Hoje, colhemos os impactos desse caminho. As enchentes nos forçam a reavaliar as decisões que tomamos em nome do progresso. Que tipo de progresso é esse que destrói tudo ao redor? A sustentabilidade não pode ser um conceito vazio. Deve orientar políticas públicas, investimentos e decisões empresariais com foco em regeneração.



5. Regenerar exige mais do que reconstruir


Muitos falam em reconstruir o Rio Grande do Sul, mas é preciso ir além. Regenerar significa olhar para as raízes do problema, repensar modelos, restaurar ecossistemas e criar uma nova cultura de cuidado. Essa regeneração começa com perguntas difíceis e disposição para mudanças profundas e sistêmicas. E ela só será possível se houver esse match de conciência e ação de governos, empresas, organizações e cidadãos em um pacto por futuro viável e justo.


As enchentes de 2024 foram um trauma coletivo, mas também um espelho. O que vemos refletido nele pode nos guiar para novos caminhos. Sustentabilidade e bem-estar não são destinos distantes. São práticas diárias que precisam ser cultivadas com consciência, coragem e compromisso para impactos positivos a longo prazo.


Depois de tudo, resta uma pergunta instigante: seremos capazes de transformar essa dor em potência regenerativa ou vamos seguir repetindo os mesmos erros esperando resultados diferentes?

©2023 por Nádia Rocha

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